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Instrumentos e Procedimento de Coleta de Dados

Trechos da dissertação:

Em virtude da pandemia do Covid-19, a pesquisa foi realizada de forma remota, a fim de preservar a saúde dos envolvidos, ocorrendo, dessa forma, apenas via dispositivos móveis. Utilizamo-nos de plataformas e aplicativos para confecção do material e de redes sociais para contato com os colaboradores. Infelizmente não houve encontro presencial, uma vez que a pesquisa teve início após os decretos de isolamento e distanciamento social.

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Após redação de projeto inicial e submissão ao comitê de ética para apreciação, avaliação e aprovação, demos prosseguimento às etapas seguintes. Inicialmente foi realizado um levantamento bibliográfico, uma revisão literária específica na área educacional (Geografia e Pedagogia) e na área de mídias, buscando pesquisas realizadas com a utilização de Desenhos Animados como recurso didático e, na falta destes, outros recursos midiáticos nas aulas de Geografia, a fim de construir nosso embasamento teórico inicial e, consequentemente, construir o alicerce para o trabalho e pesquisa.

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Posteriormente, foi realizada uma catalogação dos episódios dos desenhos aqui utilizados, associando aos conteúdos geográficos possíveis de trabalhar, tanto para realização da pesquisa colaborativa, quanto para construção do portfólio digital. Com os desenhos elencados e distribuídos por conteúdo, foram disponibilizadas também possíveis aulas para nortear na construção de planos de aulas e sugestões de atividades a serem trabalhadas pelo professor.

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Por meio do WhatsApp[1] foram obtidas conversas informais e disponibilizados os links para aplicação de questionários (ver Apêndice) aos professores, construídos com o auxílio da plataforma do Google Forms[2]. Além de fazer levantamento sobre as ferramentas já utilizadas, a pesquisa buscou incentivar a exposição dos desenhos animados pelos professores – induzir os alunos a assistir em sala de aula e estimulá-los a continuar o procedimento na residência dos mesmos, porém com levantamento de indagações daquilo que seria assistido.

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Com os questionários do Google Forms respondidos pelos professores, foi realizada a produção de um painel colaborativo no Padlet[3], com a contribuição também de outros profissionais de Geografia. A partir dos dados levantados podemos analisar a aplicabilidade do Desenho Animado como ferramenta didática para o Ensino de Geografia.

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Todos os dados obtidos foram relevantes para a produção do Portfólio Digital, servindo de base, posteriormente, para orientação docente e futuras pesquisas.

 

 

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[1]WhatsApp – aplicativo utilizado para troca de mensagens, áudios, arquivos, chamadas e vídeochamadas, sendo necessário o uso de chip telefônico.

[2]Google Forms – Extensão do Google onde é possível criar formulários, atividades e outras formas de questionário para interação virtual. Após criado o conteúdo, é gerado um link para envio aos participantes.

[3]Padlet– Site que permite a criação por colaboração de quadros e murais virtuais, basta escolher a temática e abrir para participação.

Resultados obtidos:

Os dados aqui obtidos seguiram uma metodologia de análise Dialética[1] em que os professores/colaboradores puderam expor suas perspectivas, participar ativa e criticamente na construção dos resultados. Por meio virtual os professores receberam orientação para suas aulas remotas, as quais puderam aplicar atividades, de forma individuais e/ou coletivas, e estimular os alunos a observar e identificar os elementos dos Desenhos Animados que estão mais próximos do seu cotidiano, interpretando a realidade social.

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Os professores participantes da pesquisa puderam fazer a observação do desenvolvimento comportamental e crítico dos alunos mediante a exposição dos Desenhos Animados e o desenvolvimento das aulas antes, durante e depois à utilização das animações nas aulas de Geografia, interpretando a realidade social, analisando a percepção geográfica dos mesmos antes e após o procedimento.

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Com as atividades realizadas pelos professores, enviamos questionários para averiguar a aplicabilidade das animações no ensino de Geografia do Ensino Médio. Por meio de uma análise diagnóstica, analisamos os dados obtidos, com o objetivo não apenas de compreender como está o cenário, mas o porquê de ele se configurar de tal maneira.

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Foram obedecidas as seguintes etapas propostas inicialmente no projeto de pesquisa: levantamento bibliográfico, catalogação, apresentação de proposta e aplicação de questionários aos professores colaboradores, finalizando com a análise dos dados obtidos com a pesquisa.

 

[1] “A dialética significa arte do diálogo, arte de debater, raciocinar. [...] o método dialético requer o estudo da realidade em seu movimento, analisando as partes em constante relação com a totalidade”. Blog Metodologia Científica. Disponível em: https://www.metodologiacientifica.org/metodos-de-abordagem/metodo-dialetico/. Acesso: 28/09/2020.

Apresentação de proposta e aplicação de questionários aos professores

Em um primeiro contato com os professores colaboradores foi realizada a apresentação do projeto de pesquisa e, após apreciação do comitê de ética, realizadas as assinaturas de documentos que resguardam a confidencialidade da pesquisa.

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Posteriormente, por meio do Google Formulários, foram gerados links de questionários e entrevistas direcionados aos professores participantes (Figura 17), a pesquisa, como aferido acima, seguiu as diretrizes da Resolução 196/96 CNS/MS e cumpriu todos os preceitos éticos requeridos para estudos científicos realizados com seres humanos, tais como a participação voluntária, a privacidade dos participantes e a confidencialidade das informações. A confidencialidade dos dados obtidos nos questionários foi e está sendo garantida em todas as fases do estudo. As informações são obtidas sem identificação nominal e são utilizadas exclusivamente para fins de investigação científica. Os links gerados foram enviados pelo WhatsApp pessoal de cada professor, sendo necessário apenas clicar e já sendo encaminhado diretamente para a página.

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Por meio dos questionários, levantamos algumas indagações como: “Qual seu grau de escolaridade? Há quanto tempo leciona? Além de Geografia, leciona alguma outra disciplina? Leciona ou já lecionou em mais de uma escola ao mesmo tempo?”, abordadas no item 4.3. “Caracterização dos professores/colaboradores da pesquisa” deste trabalho, onde buscamos não apenas identificar o perfil dos professores colaboradores, como também traçar quais caminhos percorrer na construção de um produto mais diversificado e que atinja o maior número possível de educadores.

Análise dos dados coletados
Com a pesquisa colaborativa concluída, juntamente com os questionários respondidos pelos professores colaboradores e os dados coletados, foi realizada a averiguação que se segue: questionados em “Quais recursos didáticos utiliza em suas aulas presenciais?” (Figura 18), notamos que as ferramentas didáticas mais utilizadas ainda são aquelas consideradas tradicionais – quadro branco e livro didático -, por serem mais usuais e terem uma maior disponibilidade de acesso. Porém o laboratório de informática – e por extensão as pesquisas na Internet –, apresentação de slides e exibição de filmes e animações têm ganhado mais espaço nas salas de aula. Outros recursos também são utilizados, como podcast (audiolivros) e maquetes e mostras de minérios. Percebemos a busca dos professores em inovar e atrair a atenção dos jovens para a aula, não se atendo somente ao que está contido nos livros didáticos, mas utilizando-se deste para a construção do seu plano de aula e orientando-os na busca por recursos didáticos complementares.
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Ao serem questionados sobre “Quais recursos didáticos utiliza em suas aulas remotas?” (Figura 19), uma vez que as aulas ocorreram também em caráter remoto durante a coleta de dados, em virtude da pandemia do Covid-19, e os professores precisaram se adaptar ao contexto em que se encontravam, notamos que os recursos mais utilizados são justamente aqueles ligados à Internet, ferramenta essencial para a realização da prática docente de forma remota.

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O quadro branco é esquecido na sala de aula, sendo inviável sua utilização, e o livro didático passa mais a orientar a construção dos planos de aula, uma vez que poucos alunos buscaram o livro físico na escola. A projeção de slides, utilização de audiolivros e audioaulas (podcast) e exibição de vídeos para explanação de conteúdos didáticos, ganham mais visibilidade. O convite para participação de outros profissionais também é recorrente, seja uma aula conjunta com dois ou mais professores, de mesma disciplina ou de matérias diferentes, ou ainda estendendo o convite para profissionais de outras áreas palestrarem. A viabilidade desta prática é possível por meio de vídeochamadas e plataformas de conferência virtual, como Google Meet, Zoom, entre outras. Exibição de animações e utilização de games também são utilizadas nas aulas virtuais, o que nos revela que a pandemia serviu de empurrão para aqueles professores que ainda resistiam ao uso das tecnologias em sala de aula.

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Para compreender a acessibilidade de ferramentas didáticas e sua distribuição nas escolas, o questionário segue com a seguinte pergunta: “Quais recursos você, enquanto professor, gostaria de usar e não tem disponível?” (Figura 20). Notamos que um laboratório específico de Geografia é tema bem recorrente, uma vez que os professores desta disciplina têm a necessidade de se adaptarem aos laboratórios já existentes de outras ciências – biologia, física, química e/ou matemática. A utilização de um espaço próprio traria certa liberdade e autonomia para trabalhar com os materiais necessários e disponibilizá-los pelo ambiente com a sensação de pertencimento. Foi sugerido um espaço com telescópio e lunetas, planetário montado, mostra de rochas e minerais, microscópio, mesa cartográfica, computadores com softwares de mapeamento, entre outras ferramentas dispostas em um ambiente próprio e fixo para a utilização de professores e alunos, como podemos ver nas colocações almejadas pelos colaboradores.
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Uma vez analisado quais recursos seriam almejados pelos professores, fora indagado “Qual a importância que o recurso didático tem para suas aulas?” (Figura 21) como forma de verificar de que modo essas ferramentas são inseridas nos planos de aula e a relevância destas para a prática docente cotidiana. Percebemos que os professores não se limitam a uma aula expositiva e/ou dialogada, onde o quadro branco é a ferramenta principal, mas também está pautada na utilização do livro didático para a divisão e orientação dos conteúdos bimestrais na ponte entre “o teórico” – conhecimento científico estudado na escola – “e a prática” – conhecimento que o aluno tem fora da sala de aula e que venha a ser relacionado com aquilo estudado. Assim, livro didático e quadro não perdem espaço, mas são utilizados juntamente com outros recursos na prática docente. As ferramentas didáticas, assim, possuem um caráter relevante por intermediar a relação entre conhecimento científico e conhecimento de vida.
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Quando os professores colaboradores foram indagados “Que tipos de metodologias você mais emprega em suas aulas?” e “Quais você nota que surtem mais efeito de aprendizagem nos alunos?” (Figura 24), constatamos uma variedade de metodologias empregadas em sala de aula, tanto presencial quanto virtual, não se atendo somente às metodologias convencionais – aulas expositivas, dialogadas, leituras compartilhadas, pontuais ou individuais, etc. -, mas também metodologias ativas, aulas invertidas, emprego de exibição de vídeos, games, palestras, debates. O uso quase que exclusivo do livro didático não supre mais a necessidade de ferramentas didáticas usadas pelos professores em suas aulas, servindo como base para orientação de divisão de conteúdos bimestrais e planejamentos de planos de aula. Aos alunos, o livro didático serve como orientação de conteúdos e atividades, como também para pesquisas, além de visualização de imagens e ilustrações.
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Visto haver uma diversidade de filmes, com várias temáticas relevantes ao Ensino de Geografia, seja como tema central, abordando diretamente a temática, ou como cenário em que transcorre o enredo, e esta ferramenta ser utilizada constantemente em sala de aula, na Figura 25 podemos perceber que os professores colaboradores se posicionaram positivamente quanto à utilização de filmes: Em virtude do tempo da aula, quantas vezes utiliza (ou utilizou) a exposição de filmes durante o expediente? Indica para atividade extraclasse?
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A utilização dos filmes como ferramenta ilustrativa ou para incitar debates e indagações dos conteúdos geográficos em sala de aula, como podemos analisar nas respostas da imagem anterior, é realizada de forma fragmentada, pelo fato do tempo de exibição do filme ser maior do que o tempo de aula. Geralmente os filmes têm duração mínima de uma hora, enquanto que as aulas giram em torno de quarenta minutos, o que não possibilita sua exibição em apenas uma aula, sendo fragmentado para que haja tempo de exposição, abordagem do tema e atividade. Assim, a indicação para assistir fora da escola, em uma atividade extraclasse, é mais recorrente – os alunos podem assistir em casa e o filme ser abordado em sala de aula. Ao serem indagados “Costuma passar filmes em suas aulas? Como é o planejamento para a execução (duração das aulas)?” (Figura 26), um dos pontos que é recorrente ao tópico precendente é a fragmentação para sua exibição em aula, como posto anteriormente, por conta da duração. A correlação entre conteúdo estudado e temática do filme é vista nas respostas dos colaboradores, além do projeto CineGeo, onde o professor traz mais frequentemente a exibição de filmes nas aulas de Geografia.
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Sobre a utilização de Desenhos Animados como ferramenta nas aulas de Geografia, os professores colaboradores foram questionados: “Já utilizou desenho animado (animação) em alguma aula de Geografia? Como foi a recepção dos alunos?” (Figura 27). Independente da faixa etária, percebemos a receptividade por ser considerado divertido e fora dos moldes convencionais das aulas. Mesmo que sejam recebidos inicialmente com certo acanhamento por parte dos adultos, visto serem considerados “coisa de criança”, posteriormente caem na graça e risadas são ouvidas. Os desenhos animados já eram utilizados antes mesmo desta pesquisa, visto terem uma menor duração do que os filmes e possíveis de serem repetidos na mesma aula. A duração média das animações é de 15 minutos, o que permite que sejam exibidos mais de uma vez e realizada explanação do tema e abordagem de atividades em uma mesma aula. Animações e curtas são facilmente encontrados na Internet, no site do YouTube, de forma gratuita e com uma diversidade de temas abordados.
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Durante a pesquisa “Qual desenho animado utilizou em aula? Qual conteúdo geográfico foi abordado com ele?” (Figura 28), os professores demonstraram conhecimento e utilização deste recurso, apresentando uma diversidade de animações e possibilidades de trabalho com um mesmo episódio a serem utilizados, sendo observado como um atrativo e diferencial por parte dos professores. Animes (animações japonesas), Capitão Planeta, Dora, a Aventureira, Tuc-tuc e o Peixeiro, foram algumas das animações trabalhadas, levando os alunos à reflexão do conteúdo geográfico. A exibição das animações, assim, foi realizada durante e após a exposição dos assuntos, no transcorrer da aula e sendo repetida quando necessário, para, posteriormente, serem levantadas questões e debates, relacionando aos fatos do cotidiano.
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Uma vez que o público trabalhando pelos colaboradores não é restrito às crianças, mas se trata de adolescentes e adultos, fora questionado: “Acha pertinente o uso de animações durante a aula para um público "não infantil", do Ensino Médio?” (Figura 29). Dentre as respostas, podemos analisar que é favorável o uso das animações em qualquer idade, tanto por seu caráter lúdico e linguagem acessível, como por sua descontração e leveza, como posto pelos professores. O acanhamento inicial cede lugar às risadas e descontração logo após o princípio da exibição.
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Com a pandemia do Covid-19, os professores se viram em um cenário em que a inserção de metodologias ativas e a busca por novas ferramentas se fez necessária para suprir a carência de outros recursos não disponíveis e o distanciamento com o alunado. Nem todos os alunos buscaram seus livros didáticos na escola, assim como nem todos tiveram acesso às aulas on-line, recorrendo aos portfólios e materiais impressos. Não basta palavras verbalizadas e soltas para suprir a aprendizagem, as ferramentas didáticas são, assim, extremamente relevantes para ilustrar, explicar e relacionar o conteúdo estudado ao cotidiano do aluno.

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Diante dos comentários e respostas colocados pelos professores colaboradores desta pesquisa, podemos destacar que a inserção dos desenhos animados nos planos de aula é uma ferramenta relevante que pode ser agregada às aulas de Geografia de forma lúdica e que venha a atrair o alunado. Mesmo quando empregado ao público não infantil, sua receptividade é positiva e bem aceita, vista como algo “diferente” e fora do convencional das aulas já empregadas.

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Como fora pontuado, tem curta duração e fácil acesso, podendo ser abordado mais de uma vez em uma mesma aula, assim como um mesmo episódio pode conter mais de um conteúdo a ser abordado, dependendo da perspectiva a ser analisada. Como ponto de partida para levantar debates e questionamentos, a animação é um recurso perspicaz para o desenvolvimento do pensamento crítico e protagonismo cidadão.

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